Pelados e Santos


Um dos assuntos mais comentados da semana passada e da anterior foi a primeira exibição de nudez frontal sem censura na rede Globo.  Muitos imaginavam que a repercussão seria negativa, mas poucos foram os que reclamaram.
O público derramou-se em elogios à evolução da TV brasileira que finalmente estava quebrando o tabu da nudez. As pessoas hoje anseiam por nudez. Não só pelas conotações sexuais nela envolvidas, mas também como um passaporte para a “liberdade”, como uma demonstração de uma sociedade mais desenvolvida que é livre de dogmas e paradigmas.
Simplificando, para a sociedade o que impede que a nudez seja liberada completamente no mundo ocidental – como arte ou como símbolo sexual – é o moralismo cristão.
As pessoas acham que o impedimento da nudez é apenas dogma e paradigma. Não é possível generalizar. Você percebe nos índios, que vivem nus, uma inocência em relação a isso que é natural. Eles não são do nosso “mundo ocidental” com as heranças eróticas da cultura Greco-romana.
Mas já que o que impede a liberação da nudez é o cristianismo e pouquíssimas pessoas realmente entendem onde começou isso, é hora de lembrar. O que a nudez representa?

Deus é um artista, é também designer. Adora comunicar suas mensagens através de simbolismos.
Apesar da consequência final do pecado ser a morte, o primeiro sintoma do pecado foi a nudez. Não era nem a falta de roupas de Adão e Eva que os incomodava, era a consciência dessa nudez, o que ela representava.
Se você lê Gênesis 3, que é o capítulo que fala sobre a entrada do pecado no mundo verá que lá diz que "... viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais."
Gênesis 3:6-7
É interessante observar que eles não FICARAM nus. O texto deu a entender que eles já estavam nus. O que aconteceu foi que eles perceberam/conheceram que estavam nus.
Esse fato é crucial. Se olharmos as outras referências bíblicas à nudez, perceberemos que a palavra nudez lá nunca diz apenas sobre a falta de roupas.
Quando Noé fica nu por estar bêbado, e seu filho Cam zomba dele, ali percebe-se que a nudez ia além da questão de ter tirado a roupa. Era a vergonha que estava representada ali. Não era do corpo do pai que Cam estava rindo, era de sua situação. O pai estava fora de si, embriagado, e isso tirava sua autoridade sobre os filhos como alguém sábio. E Cam estava zombando não só da nudez literal como também da nudez “moral” do pai. 

Em Levítico 18, temos uma lista interminável de coisas sobre nudez. Mas é interessante observar que, apesar de falar várias vezes de sexo, quando está falando sobre nudez, Moisés ressalta que a nudez da sua mãe ou do seu pai está na vergonha e não no fato de estarem sem roupa.

Mas qual a questão da roupa?
Adão e Eva fizeram aventais com folhas de figueira para si quando perceberam que estavam nus. Não só fizeram os aventais como também se esconderam. Nada que fizessem seria o suficiente para cobrir a realidade: Eles não eram mais eles mesmos.
A nudez representa na bíblia a negação da raça humana. A raça humana foi feita para ser cria de Deus, filhos de Deus, criados para amar e ser amados, criados para viver, viver como consequência de estar intimamente ligado à Vida (Deus). Logicamente tem a questão da aparência também, afinal, se mesmo as lindas Scarlett Johansson ou Gisele Bündchen ficassem nuas perto de Eva, certamente iam procurar umas folhas pra se cobrir. Mas o cerne de tudo está no fato de que o que torna os humanos tão especiais é o fato de que somos as únicas criaturas criadas à Imagem e Semelhança de Deus.
E perdemos essa imagem.

Assim que nos separamos de Deus perdemos a imagem dele em nós e nos sentimos nus. Percebemos nossa imperfeição, nosso fracasso, o que nós NÃO somos e não conseguimos ser sem Deus.
Para solucionar isso imediatamente para a humanidade, Deus costurou vestes de pele para Adão e Eva (Gênesis 3:21). Isso também é simbólico. Ainda não existia morte, portanto um animal inocente teve que morrer para cobrir a nudez do homem.
Esse era o símbolo do sacrifício de Cristo por nós, a única coisa que pode cobrir nossa nudez e restaurar em nós as vestes de glória da imagem de Deus.

A Bíblia é repleta de simbolismos sobre nudez/vestes. Vestes puras, vestes de pele, todas representantes da humanidade restaurada através de Cristo. A nudez estar relacionada à vergonha não tem NADA a ver com puritanismo, já falamos aqui sobre a Bíblia ser livre de tabus em relação à sexualidade. A questão é toda sobre espiritualidade e identidade. É sobre ser humano.


A tentativa pós-moderna de quebrar tabus sobre beleza, sexo e nudez não é uma demonstração de evolução e sim mais uma tentativa falha de costurar folhas de figueira e tapar o que nós somos. O culto à imperfeição e a proclamação contra os dogmas morais são gritos de: “Deus não precisamos de você, não queremos depender de você mesmo que isso custe nossa vida e nossa dignidade!”.

 Só que isso não é bom, isso não é legal como querem fazer você pensar. Isso é NÃO ser humano. Isso é negar a própria natureza. Somente quando nos vestimos com as roupas de Justiça de Cristo nós podemos nos orgulhar de quem somos e do que parecemos.
Somente a imagem de Deus em nós nos tira a vergonha, o orgulho e nos reveste de humanidade e perfeição. 

Tirar todo o nosso orgulho e nossas caríssimas e fúteis vestes de figueira e ficar nus - sem preconceitos e ídolos de opinião - diante de Deus para que Ele nos vista com sua coleção atemporal de justiça não tem nada a ver com estereótipos de beleza e sexualidade.
É uma questão de SER humano, de ser SANTO, separado, escolhido por Deus.
É estar revestido da glória e da imagem de Deus, mesmo estando sem roupa.

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