Trilogia de Tudo - 2: A Espera



(Clique aqui para ler o Primeiro Capítulo)

Esta é a Trilogia de Tudo.
Ela fala sobre o que a Páscoa significa para todas as coisas.
A história da Páscoa é mais antiga do que coelhos e ovos, mais antiga do que chocolate.
É mais antiga até do que a Ressurreição de Cristo.
A história da páscoa começa junto com a história da morte e a história da morte começa junto com a história da Espera...
A Espera é uma virtude.
Espera tem a ver com paciência, com amor e com esperança.
As três coisas andam fora de moda neste tempo.

Mas podemos entender vocês.

Logo depois da Queda da humanidade, o Primeiro Homem e a Primeira Mulher olhavam tristes para o Jardim, agora fechado.
Lá dentro haviam duas árvores: A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (ou A Árvore da Independência), e a Árvore da Vida (A Árvore da Dependência).
A consequência da de se comer da primeira era a morte. Não dava para comer do fruto da dependência depois de comer do fruto da Independência.
Eles demorariam longos anos para encontrar a Morte por si mesmos.
Mas eles tinham visto a Morte. Eram causadores do óbito do primeiro cordeiro sacrificado para cobrir-lhes a vergonha. 
E o primeiro assassinato foi cometido pelo filho mais velho deles.
Estava decidido: A Morte é a pior coisa já vista.
Não é natural, não é aceitável. É uma anomalia.
O Primeiro Homem e a Primeira Mulher morreram aguardando o cumprimento da promessa da Descendência que pisaria a cabeça da Serpente.

A Terra Prometida era o destino da Descendência a ser liberta do Opressor.
Mas demoraram quarenta anos para atravessar o deserto, por conta de desvios de rota e reclamações absurdas sobre voltar para a escravidão.
A Espera era insuportável para a maioria.
Poucos chegaram ao destino.
Mas não foi por falta de conforto. A Vida ia à frente deles no deserto, esquentando-os no frio da noite, enviava-lhes pão do céu, dava-lhes códigos de conduta que os ajudava a sobreviver na caminhada e ainda mandou construir um Santuário para que a Vida pudesse habitar entre eles e não só isso, para que os sacrifícios expandissem seu significado e nunca deixasse que a Descendência se esquecesse de que ainda não estava completa.
Ainda assim a espera era dura. Quando a Vida viria? Muitos desistiram da caminhada.

O dia do Sacrifício dos Sacrifícios chegou e a Morte tomou a vida para si.

No sábado que se sucedeu àquela sexta feira, o silêncio do Universo era insuportável.
Não havia música.
A Própria Vida morrera e faltava uma parte gigantesca da divindade. Consequentemente, uma parte gigantesca de toda a Existência.
Os Seguidores não conseguiam entender como poderia o Rei se permitir ser morto da forma brutal como foi.
Alguns insistiam em lembrar que ele havia dito que ressuscitaria ao terceiro dia.
Mas quem pode acreditar numa coisa impossível dessas?


Você sabe com propriedade que a espera é dura.
Pode ser inclusive que você nem creia mais que existiu realmente uma promessa - ou mesmo que existe um Deus! Afinal, como pode um Deus de amor permitir que coisas atrozes aconteçam?
Por que ele permitiria o mal por tantos milênios?
Por que as pessoas boas sofrem?
A Espera não é longa demais? Quando virá a Terra Prometida? Quando?

Por mais que a Profecia seja clara, a Descendência muitas vezes parece não entender que a Vida não enrola.
Ela também espera.
Espera até que todos tenham feito sua escolha.
Espera até que todos os que foram planejados tenham acesso à Árvore e possam escolher entre a Dependência e a Independência.
Assim como o Profeta Habacuque perguntou: "Até quando, Senhor?", as pessoas perguntam...
Mas a resposta da Vida é dura e clara:
"O Senhor está em seu santo Templo, cale-se diante dele toda a Terra".


A Vida sabe exatamente o que está fazendo.
Afinal, assim como ela tornou-se carne na "Plenitude dos Tempos", a dor acabará também na "Plenitude dos Tempos".

A Vida morreu no seu lugar para que você tivesse uma segunda chance.
Você agora sabe disso e esta é a sua segunda chance.
Tudo o que precisava ser feito, foi feito através do Sacrifício.
A Vida não lhe deve absolutamente mais nada, a não ser o cumprimento da Velha Promessa.
E a base da Velha Promessa é a Espera.

Aguente firme, o cálice e o pão ainda servem para que você beba da Vida e coma dEla até que a Plenitude dos Tempos venha e termine o dia. 

O Silêncio da Morte permanece, mas a Páscoa - a Libertação - se aproxima.
Você está disposto a esperar?

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