O "Homofóbico" que morreu em favor dos homossexuais


Um amigo homossexual compartilhou um link no facebook de um site militante dos direitos homoafetivos – osentendidos.com – onde li o seguinte trecho: “A queda de conceitos arcaicos é inevitável, mas antes dela veremos uma radicalização ainda maior dos mesmos, com os conservadores se sentindo acuados. Eles estão gritando mais alto, com maior fúria, como lobos presos numa armadilha, mas são os gritos que precedem a morte, basta observar.”
Ok. E depois? O que acontecerá aos conservadores?

Eu sou um conservador que começa a se sentir pressionado, mas não se deixa ser acuado.
É até estranho, vindo de mim, dizer que sou conservador, uma vez que as pessoas consideram o modo como eu encaro o cristianismo como algo novo. Mas precisamos diferenciar o ser conservador do ser fundamentalista.
A verdade é que, pra começar, dentro do sistema de crenças bíblicas, não existe o MEU modo de encarar o cristianismo. Pra que serviria um guia de conduta que se altera e camufla dependendo das circunstâncias? Uma coisa é ter soluções, respostas e interpretações múltiplas (desde que mantenham coerência), outra é ser híbrida e incerta. E isso é algo que só é possível em relação à Bíblia se você sabe muito pouco sobre ela.
Depois, não há nada de novo na maneira com a qual tento viver o cristianismo.
A ênfase à Bíblia como fundamento confiável de fé parece ridícula aos olhos de muitas pessoas do mundo, mas é no que eu acredito – assim como os cristãos espalhados pelo mundo – e é no que me reservo no direito de acreditar, tendo em vista o princípio de liberdade religiosa sob o qual, graças a Deus, vivemos. Alguns tratam isso como ignorância, mas permanecer “ignorante” nesses termos também é um direito, não é?

E onde isso nos deixa na sociedade pós-moderna?
O que fazer em relação aos princípios bíblicos sobre sexualidade quando há tanta gente decente no mundo que clama por seus direitos?

Para começar, a questão não é colocar os homossexuais no mesmo nível dos assassinos – quem viu a polêmica entrevista do Pr. Silas Malafaia de frente com a Gabi sabe do que estou falando. A questão é que o princípio básico do cristianismo – a graça e o sacrifício de Deus – coloca Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela, Charles Manson, Bruna Surfistinha, Martinho Lutero, Chico Xavier, Fernandinho Beira Mar, Renan Calheiros, Marco Feliciano, Silas Malafaia, Marília Gabriela, Nietzche, Serginho Orgastic e Angelina Jolie no mesmo nível.
Independente do que são, do que fizeram, do que declaram, todos eles são passíveis de condenação por carregarem em si o peso da humanidade separada de Deus. Diante desse conceito PLENO de igualdade, completamente diferente do que a militância prega, todos recuam. A causa LGBT, o feminismo, os protestos antirraciais, todos recuam diante do conceito de igualdade bíblico – o único que é igualitário de verdade – pois ele coloca os preconceituosos e os alvos de preconceito na mesma condição.

O pecado consiste na separação do ser humano de Deus, a forma que o pecado toma é consequência de vários outros fatores. O sacrifício de Cristo nos possibilita estar ligados a Deus novamente – religare, o verdadeiro sentido de religião. Deus, única e verdadeira fonte de vida, da qual quem se desliga, naturalmente morre.
Todos estavam no banco do Réu e o Juíz escolheu absolver a todos. Porém a porta da prisão está aberta pra quem quiser entrar, e a prisão bem decorada e abastecida com boa comida se parece muito mais com a liberdade do que as ruas estreitas da salvação.

Lendo isoladamente todos os textos bíblicos que as pessoas tomam como arbitrários, inconvenientes, politicamente incorretos, preconceituosos, homofóbicos, machistas, etc, dá pra pensar que Deus é realmente intolerante. Mas as pessoas adoram ler esses textos e esquecerem-se dos que falam que foi exatamente por todas as pessoas que Deus parece condenar que ele se tornou um de nós e MORREU. Não só morreu, sofreu, sacrificou, foi MOÍDO e traído. Essas pessoas que a Bíblia parece condenar que foram o motivo e a razão do sacrifício de amor e justiça de Cristo. Todas essas questões de identidade cultural, sexual e legal se tornam insignificantes quando deixamos que a vida abundante de Cristo, concedida a nós através da sua morte, tome conta do nosso ser e das nossas atitudes. Nossa identidade real não se encontra na nossa história, nem na nossa cultura, ou no nosso país, nem na nossa orientação sexual, nem nos nossos direitos legais, nem mesmo na nossa personalidade. Nossa identidade é definida pelo fato de termos sido criados e recriados por Deus, e qual a nossa resposta a ele. Qualquer coisa que passa disso é pura ilusão, não importa, é vaidade (já diz em Eclesiastes). No dia que você deixar de ser um ser humano egoísta que só pensa em ocupar o espaço que você acha que tem direito de ter, enxergará que o Deus que podia ter impedido que você nascesse concedeu a você o espaço DELE e lhe deu o direito de ser livre pra lutar, sem, porém ter que lutar para ser livre.

Nós cristãos que temos a fé baseada na Bíblia, entendemos esse conceito e escolhemos a rendição pacífica como forma de revolução e por isso temos um caminho longo a ser trilhado. Todas as direções indicam que por culpa das igrejas e pessoas que carregam o nome de Cristo sem carregar Cristo e sua vida dentro de si, todos os cristãos uma hora ou outra sofrerão represálias. Pelo andar da carruagem e de acordo com profecias bíblicas, acreditamos que os cristãos fervorosos, que não abrirão mão das suas crenças e muito menos tratarão com preconceito as pessoas, mais cedo ou mais tarde serão perseguidos e apanharão nas ruas.

Aqueles que dizem ser seguidores de Cristo e usam a violência – verbal ou física – a mentira e o preconceito não falam por Cristo e nem pelos seus seguidores verdadeiros. A Bíblia é bem clara quando diz que “... pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Mateus 7:20-21
Fica bem claro pelo texto bíblico que Deus não aprova a homossexualidade, assim como é bem claro que não aprova você transar com todas as garotas que tiver vontade, ou ter muitas e muitas namoradas. Mas é mais claro ainda que NENHUM ser humano, por mais cristão que diga ser, tem o direito de condenar alguém. Aliás, não tem o direito sequer de julgar – quem dirá condenar e agir com violência.
Bom é só Deus, todos somos maus. Se alguns de nós seremos salvos, o mérito não vai para as nossas boas ações aqui na Terra e sim para a única ação necessária feita pelo único que tinha o direito de julgar e a reação do indivíduo à essa ação. O que temos que fazer como cristãos é o que Jesus fez: abraçar a todos, respeitar quem no fim das contas rejeitar o abraço e abraçar mais forte quem permanecer com o coração aberto à salvação.

Portanto, culpar a Bíblia, o cristianismo puro e os seus seguidores pelas atrocidades que instituições religiosas, pastores, padres e pessoas que dizem “Senhor, Senhor” cometem e dizem é a verdadeira falta de conhecimento. Se eu discordo dos meus amigos homossexuais – e sim, sou cristão e tenho amigos próximos e muito amados por mim que são homossexuais assumidos – é pelo mesmo motivo que os amo.
Não importa o que digam as tendências pós-modernas do individualismo, UNICAMENTE em Cristo, nós temos a capacidade de discordar veementemente e amar verdadeiramente ao mesmo tempo. Ele foi o único que conseguiu, e é o único que pode ajudar.
Portanto, cristãos, baixem a bola por que vocês não têm o direito de julgar ninguém, e vocês, militantes, por gentileza, baixem a bola também, pois a nossa crença tão criticada por vocês, se bem compreendida e vivida além das palavras, é o ÚNICO caminho para a paz.


PS.: Indico a vocês a leitura do texto “Pelo Direito de Discordar” de Ariovaldo Ramos, que trata o assunto com propriedade e embasamento, sob um ponto de vista histórico-político. Clique aqui pra ler.

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