Religião no Facebook??

Alguns dias atrás, compartilhei na minha timeline do Facebook uma imagem um tanto quanto provocativa que continha os dizeres “Meu Deus, como sou Ateu! Vou contar a todos no facebook”. A imagem havia sido postada por um amigo meu (ateu, diga-se de passagem) e eu acabei compartilhando. A indignação do criador da tal imagem devia-se ás inúmeras postagens sobre ateísmo que se multiplicam nas redes sociais, que ele estava começando a achar tão chatas quanto às também inúmeras postagens ‘evangélicas’ nos murais e timelines da vida.

Então eis que paro pra pensar no que eu disse durante desconfortável discussão que tal compartilhamento provocou.

Era algo mais ou menos assim: “Não vejo problemas em postar sobre suas crenças ou a falta delas no facebook, o problema é a provocação” E depois complementei: “Provocação de vez em quando faz até bem, mas quando fica demais é infantil”.

Mas percebi depois de um tempo que compartilhar essa imagem foi um ato impensado. Como eu poderia criticar tal atitude de contar a todos no que acredita ou deixa de acreditar dos ateus, se eu como cristão DEVO transparecer o que eu sou?

Não me entenda mal. Quando eu digo “transparecer meu cristianismo” eu não estou falando daquelas correntes e imagens cheias de belas paisagens e clássicas imagens de Jesus na cruz cheias de frases feitas que no final apelam para a pressão do “você compartilha piadinhas, por que nao pode compartilhar algo sobre Deus?”.

Sim, o termo que eu usei inclui as suas postagens no facebook, mas não exatamente dessa maneira. Entenda: Quando Jesus disse que era pra gente ir e pregar a todas as nações (Mateus 28:19), ele tava falando de dar “a cara a tapa” MESMO. Dizer: “Eu sou cristão e com orgulho”. Mas ele estava falando de atitude, de equilíbrio. Ele estava falando do pregar sendo simples como os pássaros e prudentes como serpentes já que estaríamos em meio de pessoas que nos interpretariam mal e nos acusariam de opressores (Mateus 10:16).

Ser simples e sensato não envolve provocações desnecessárias e nem postagens indiscriminadas com coisas que muitas vezes a gente sequer vive de verdade! Claro que temos os dois extremos: Os que tem vergonha de dizerem que são cristãos (oi?) e os que postam todo aquele belo discurso, mas que as atitudes nada demonstram daquilo que professam seguir.

Por outro lado, existem os que criticam os cristãos por que confundem várias coisas. Confundem compartilhar crenças com ‘catequizar’ e confundem também os conceitos de respeito e concordância. Aliás esse é um grande problema da nossa sociedade que se rotula de pós-moderna: Muitos acham que respeitar é o mesmo que concordar. E é por causa de pontos de vista distorcidos assim que rolam as tais provocações.

Por trás dos perfis que postam e compartilham, estão seres humanos, e os seres humanos – independente da religião - têm uma mania doentia de quererem ser respeitados e aceitos sem levar em conta todo o resto da humanidade com suas diferenças sócio-culturais. E justamente por serem mal interpretadas na maioria das vezes pelos rótulos que carregam que as pessoas sentem a necessidade de compartilhar o que são na verdade. E é aí que entram as postagens do tipo “Ser Ateu não Significa ser uma Pessoa má”. Ok. Mesmo que MUITOS ajam como se fosse esse o fato, nós cristãos SABEMOS disso.

Através dos tempos, percebemos que em todos os meios sócio-culturais e religiosos sempre existiram os que carregam um rótulo e o usam para praticar atos que na maioria das vezes não tem NADA a ver com o que prega a crença ou a cosmovisão do tal rótulo.

Por isso está na hora de TODOS revermos nossos conceitos sobre essas picuinhas de rede social.

E aqui vai um recadinho pros meus colegas cristãos: Não seja inconveniente, mas não esconda o que você é. Quando resolver ser luz, não queime o filme e honre o nome que você carrega. O mundo precisa saber que não somos um bando de seguidores autômatos de pastores. Nós pensamos, questionamos e sabemos o que queremos. E somos muito felizes com isso.