A Sobriedade Insana dos Crentes

Para Ler Ouvindo: "Why Don't You Look Into Jesus" (Larry Norman), "Baseado em Quê" (Salomão do Reggae), "Desde que Eu Tenha Você" (Alessandra Samadello)



Em entrevista ao jornal dinamarquês Politiken, o diretor Lars Von Trier – famoso por suas obras polêmicas, pessimistas e de alto teor filosófico como “Dogville”, “Anticristo” (sim, tem a ver com Nietzche), “Melancolia” e mais recentemente “Ninfomaníaca” – declarou que está em período de abstinência após tratamento para vício em drogas e álcool. Para o cineasta, "nenhuma expressão criativa com valor artístico foi criada antes por ex-bêbados e ex-drogados".

"Não sei se posso continuar fazendo filmes, e isso me preocupa. Quem se importaria em ouvir Rolling Stones sóbrios ou Jimi Hendrix sem heroína?" Foi o que ele disse, após acrescentar que não acredita que vá fazer bons filmes após a recuperação, já que a maioria dos seus filmes foram escritos enquanto estava sob efeito de drogas e álcool e que, sóbrio, demorou dezoito meses para escrever o roteiro de “Ninfomaníaca”.

Essa declaração não é incomum, não é uma situação anormal e esse não é um argumento pouco utilizado. Já ouvi coisas parecidas de conhecidos e amigos, tanto a respeito de criatividade (“Eu não consigo fazer isso sem bebida/café/energético/cigarro”) ou mesmo diversão (“Como você consegue se divertir sem beber?”).
O que as vezes me ocorre é que nossa sociedade superestima a embriaguez e subestima de forma drástica a sobriedade.

E isso não se trata apenas de bebidas alcoólicas e drogas (lícitas ou ilícitas), mas qualquer coisa que possa vir a ser um vício, seja cafeína, sexo ou escapismo.
As pessoas condicionam a liberdade delas a ter que fazer coisas que os padrões conservadores aparentemente condenam. Portanto a sociedade me diz que eu sou uma pessoa presa a dogmas ultrapassados se escolho não beber ou não sair fazendo sexo como se não houvesse amanhã, mas não percebe que está condicionando de forma arbitrária a liberdade de escolha entre fazê-lo ou não.

E a forma que tem de fazer isso é afirmando – muitas vezes “cientificamente” – que não é possível viver sem certas coisas, que a experiência de vida melhora com isso ou aquilo, que a criatividade aumenta com a embriaguez, dentre outros argumentos que, pela minha experiência como abstêmio me diz que não passam de falácias.
Não sou adepto a generalizações e nem pretendo julgar as intenções alheias, mas a humanidade obedece a padrões, mas afinal, como os músicos que ouço ou os autores que leio criam coisas tão geniais e inteligentes sem precisar recorrer à muleta que o Lars Von Trier e tantos outros parecem utilizar para justificar e/ou se desculpar dos próprios vícios e falhas? Como eu, abstêmio, consigo viajar tanto na maionese a ponto de relacionar Lars Von Trier, Chaves, Peter Pan e Cisne Negro a cristianismo sem fumar uns?

No meio de toda essa supervalorização das emoções e das sensações que motivam a humanidade do século XXI (e dos séculos anteriores), mais uma vez a Bíblia vai contra a maré e aconselha:

“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Romanos 12:1-2
“Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;” 1 Pedro 5:8

Durante todo o tempo, qualquer um que tenha um mínimo de habilidade natural para interpretação de texto, entenderá que a Bíblia valoriza o equilíbrio entre sentimentos e emoções e a racionalidade.
A orientação é que ofereçamos a Deus um culto racional e sejamos sóbrios.
A saúde espiritual é seriamente comprometida a partir do momento em que nós dependemos de qualquer coisa que não seja o próprio Deus para fazer o que precisamos – e mesmo o que queremos – fazer, da diversão às obrigações.

Quando Paulo diz que a sabedoria de Deus e a mensagem da cruz são loucura, ele não está falando que são coisas insanas e loucas em si mesmas, mas sob o ponto de vista daqueles que se perdem (1 Coríntios 1:18). E é muito fácil estar entre os que se perdem, já que podemos nos perder inclusive em coisas que julgamos boas e saudáveis.
“Os que se perdem” não conseguem conceber a ideia de uma vida feliz e plena sem seus vícios, a sobriedade num mundo tão podre, lhes parece insana, a criatividade parece longínqua sem um empurrãozinho químico, mas já dizia o GENIAL abstêmio pai do rock cristão Larry Norman:

“Bebendo uísque de um copo
Você afoga suas mágoas até não consgeuir levantar
Veja bem o que você fez consigo mesmo
Por que você não coloca a garrafa de volta
Com dedos amarelos dos cigarros
Suas mãos tremem enquanto seu corpo sua
Você trabalha a noite toda e dorme o dia todo
Você pega seu dinheiro e joga tudo fora
Por que você não olha para Jesus?

Você sabe que ele tem a resposta”

Why Don’t You Look Into Jesus, Larry Norman


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