[Resenha] Leonardo Gonçalves do "Princípio" ao Fim


Eu não sabia por que eu tinha demorado tanto a fazer uma resenha sobre Leonardo Gonçalves aqui no blog. Pensando em retrospecto, após assistir o DVD “Princípio” eu percebo que não há melhor maneira de fazer uma resenha sobre a obra geral do cantor do que após o lançamento deste.
 Leonardo Gonçalves é ouvido por muitos desde tempos de “Getsêmani”, que era a música de trabalho do seu debut álbum, “Poemas e Canções” de 2002. Além de “Getsêmani”, “Volta” também virou clássico do cantor, mesmo que “Poemas e Canções” conte com outras músicas tão lindas, bem feitas e memoráveis quanto as duas citadas, e já com composições de alguns dos maiores músicos cristãos da atualidade: Williams Costa Jr., Stênio Marcius, João Alexandre, dentre outros.
 Eu particularmente ouço Leonardo desde antes disso ainda, em tempos de “Tom de Vida” (atualmente chamado “Novo Tom”) quando ele exibia na música “Ensina-me a Amar” um barítono bem diferente da voz que ouvimos hoje.
Em 2007 lançou uma obra-prima intitulada “Viver e Cantar”, que dividida em três partes separadas por belos interlúdios a capela onde Leonardo canta sozinho as quatro vozes, apresenta-nos a História da Redenção, canções sobre Serviço e Relacionamento com Deus. E duas faixas bônus, digo... Três se você contar a faixa escondida que só começa depois de um tempinho em silêncio.

Depois de migrar da gravadora Novo Tempo para a Sony Music, Leonardo lançou um projeto inusitado – e não menos bem feito: Um CD com músicas tradicionais judaicas. Sim, todo em hebraico. “Avinu Malkenu” foi lançado em 2010 e traz toda a competência vocal e musical do Leonardo Gonçalves e seus inúmeros e talentosos amigos músicos de sempre.
Foi em 2012 que veio “Princípio e Fim”. O álbum fez história, fazendo com que Leonardo Gonçalves fosse o primeiro cantor cristão a chegar em primeiro lugar nas vendas do iTunes Brasil. Tendo como single a música “Novo” – composição de Tiago Arrais, de quem eu já falei por aqui – “Princípio e Fim” (com faixa título do já comentado aqui, Felipe Valente) é a confirmação da qualidade artística de Leonardo Gonçalves.
E eu falo de qualidade artística em geral.

Afinal, apesar de ser admirado pela maioria pela voz e técnica vocal, ele é definitivamente um artista completo. Além da técnica vocal, seu trabalho é marcado por letras tão bem selecionadas que impressionam tanto pela profundidade poética quanto pela profundidade teológica presente nelas. Todas acompanhadas de arranjos feitos pelos melhores músicos, executados pelos melhores instrumentistas, desde a banda até as orquestrações (no último cd gravadas pela Orquestra de Praga).
Faço questão sempre de ter o CD físico do Léo e examinar os encartes minuciosamente, afinal, as artes deles sempre são “música” para os olhos de um designer gráfico como eu, que adora ler fichas técnicas e agradecimentos.


Além disso, ele é cheio dos simbolismos que acho simplesmente geniais. Por exemplo, nos dois primeiros álbuns, as faixas título são a faixa 7. E nos três álbuns (Poemas & Canções, Viver & Cantar e Princípio & Fim – entendeu?) os singles são sempre a faixa três e eles formam uma trilogia sobre a história da redenção: Getsêmani, Ele Vive e Novo.

Inclusive, falando agora propriamente do DVD, essas músicas são cantadas dessa forma em “Princípio”: como uma trilogia sobre a História da Redenção. E eu estava para escrever que era o ponto alto, mas é impossível escolher um ponto alto do DVD.
Afinal, “Princípio” não faz nada além de assinar “embaixo” no legado musical do Leonardo Gonçalves, como se dissesse: “Sim, aqui há louvor a Deus com qualidade musical, produção refinada e propriedade teológica.”
Arrisco a dizer que não vi – seja no meio cristão ou secular – um DVD nacional tão refinado em absolutamente TUDO: conceito visual, a direção do Hugo Pessoa, cenário, fotografia...
Gravado no Teatro Bradesco em São Paulo, “Princípio” não faz questão de “reinventar a roda” ou chamar atenção para pirotecnia, inovações visuais, etc. E é justamente na sua simplicidade que se encontra a genialidade. O cenário com os painéis luminosos que se refletem no chão lustroso no palco provoca um efeito deslumbrante. Isso unido à edição e direção fantásticas – os travellings com as câmeras dão uma sensação de grandeza e dinamismo incrível.
O próprio Leonardo nos oferece a seu melhor desempenho ao vivo que eu já vi e uma presença de palco que não soa forçada por não fugir do jeito dele e de quem ele é, além da propriedade costumeira para falar de temas espirituais.
As participações da Daniela Araújo, esposa do cantor e também cantora (de quem já falei aqui) são marcantes – O que é aquela versão de "Verdade" gente? – e aquelas participações especiais no vocal de Getsêmani são simplesmente indescritíveis.
Temos o Duca Tambasco, baixista do Oficina G3, dando um show no baixo acústico na música There, que ficou incrível.
Aliás, falar separadamente sobre as versões do DVD das músicas que já conhecíamos – o DVD /CD conta com três músicas inéditas: “Fé”, “Na Grandeza” e “Eu me Rendo” – seria repetir elogios: A banda é um espetáculo a parte e as versões das músicas ficaram simplesmente geniais e inovadores – aliás, bem mais puxadas para o pop e pro rock do que estamos acostumados a ouvir o Leonardo fazer.

No fim das contas, o maior elogio que tenho a fazer é que mesmo com toda essa qualidade técnica, toda a sua inovação musical, “Princípio” nunca – NUNCA – se afasta do seu objetivo principal: Louvar e engrandecer o nome de Deus e pregar o evangelho através da arte.
Mesmo com toda a estrutura artística digna de grandes estrelas da música popular do mundo, a espiritualidade nunca é deixada de lado e sempre é D-s a tomar para si os holofotes que só Ele merece. E isso é que faz com que, além de excelente, esse DVD seja emocionante e tocante, pois é guiado pelo Espírito Santo a guiar pessoas.
Ou seja, “Princípio” é tudo o que se espera de um artista cristão de qualidade.
Se você tiver que comprar UM DVD lançado este ano, compre “Princípio”, ele definitivamente vale a compra.
Agora é esperar que ele grave um DVD com orquestra, afinal, quem não quer ver músicas como "Jamais", "Ele Virá" e "Viver e Cantar" ao vivo com suas orquestrações todas lá?

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