O Clichê da Página Virada
Para Ler Ouvindo: Viver Coisas Novas (Mister Distler)
Se no texto anterior, o escapismo foi apontado como uma das coisas que nos impede de permitir que nossa história seja bem escrita aqui mesmo na realidade, aqui percebo um segundo problema, ainda mais recorrente, ainda mais difícil de identificar e mais difícil ainda de se resolver: Páginas não viradas.
Viver no passado é algo que, assim como o escapismo, está em algum nível em todos nós. Nos prendemos às lembranças pela sensação de segurança de que elas são o que temos de mais precioso.
O passado lembrado nos permite lembrar as coisas boas que passamos, lembrar as ruins para evitar que elas aconteçam. As lembranças nos colocam no coração a sensação segura de que somos pessoas experientes e em alguma escala, conseguimos enxergar padrões que se repetem, e assim, prever o que pode acontecer e criar um "escudo de proteção" contra o sofrimento.
As lembranças são incríveis. Elas trazem sorrisos e lágrimas ao nosso rosto, assim como também suscitam sentimentos como raiva e instinto de autodefesa. Elas são extremamente úteis.
O perigo se encontra no fato de que a linha entre lembrar e viver de lembranças é tão tênue, que geralmente não percebemos quando cruzamos essa fronteira.
A meditação de 01 de Janeiro de 2013 do teólogo Amin Rodor ("Encontro com Deus", da Casa), destaca o texto de Isaías 43:18: "Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas."
E o interessante que ele sublinha é que, quando pensamos nesse verso, pensamos em primeira instância nas coisas negativas, mas dá pra ficar confuso se lermos os versos anteriores:
"Assim diz o Senhor, o que preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas uma vereda;
O que fez sair o carro e o cavalo, o exército e a força; eles juntamente se deitaram, e nunca se levantarão; estão extintos; como um pavio se apagaram.
Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas."
Isaías 43:16-18
É incrível observar que o texto não fala apenas das lembranças negativas, mas também das positivas. Fala das bençãos. Se nos apegamos ao saudosismo e à nostalgia, corremos o risco de nunca mais passarmos por experiências boas como as anteriores.
A Bíblia é repleta de conceitos não listados, mas bem óbvios. Um deles é o fato de que Deus nos criou para viver no presente. Ele não nos deu a onisciência como uma das características da imagem dEle em nós, portanto não temos capacidade de compreender todos os aspectos do nosso passado e muito menos temos alguma noção do que acontecerá no futuro - seja o futuro nos próximos 5 minutos ou o futuro nos próximos 100 anos.
Ele nos permitiu saber várias coisas que aconteceriam no futuro através de profecias, mas poucas delas definem datas, e qualquer revelação que ele faça vem acompanhada da certeza de que ele só revelou o que era imprescindível para nossa compreensão do caráter dEle.
Jesus nos disse para não ficarmos preocupados com o amanhã. "Basta a cada dia seu próprio mal".
Mais importante que isso: Jesus nos deixou a promessa de que voltaria para acabar de uma vez por todas com o mal e não nos deu nenhuma data. Tudo o que ele nos deu foi a certeza de que, mesmo enquanto não viesse, nós deveríamos ser embaixadores do seu Reino e deveríamos viver com Ele 24hs por dia, mesmo à distância.
Um dos principais princípios que ele nos deixou - e um dos mais difíceis - é o princípio do perdão. Como alguém que guarda como peça de museu todos os fatos do seu passado pode se permitir perdoar alguém?
Se o clichê da página em branco nos permite deixar que Deus escreva nossa história sem que precisemos escapar da realidade, o clichê da página virada, do "deixar para trás" o passado, permite que Deus faça isso sem impedimentos. Ele respeita nosso livre arbítrio, portanto, se escolhermos nos agarrar no passado - seja nas lembranças boas ou nas ruins - ele não pode fazer nada de novo por nós em respeito ao nosso saudosismo.
É uma tremenda falta de fé e confiança da nossa parte - algo extremamente ofensivo ao amor de Deus por nós - não permitir que ele vire a página da nossa vida e escreva algo completamente novo. Ele escreve coisas novas de verdade, que não dependem da nossa criatividade limitada, mas da criatividade infinita dEle, que não cria nenhum por-do-sol igual ao outro.
O verso 19 de Isaías 43 completa o que ele nos diz com a certeza: "Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo."
Nós não temos a capacidade de imaginar como seria uma vida completamente nova, com elementos inteiramente novos. Mas um ser onipotente e onisciente, que cria cada elemento da natureza diferente um do outro, tem criatividade o suficiente pare conceder-nos uma nova história, com novos pensamentos, novo tudo.
Nós temos medo do desconhecido, é verdade, e talvez por isso nos assustemos com a possibilidade de, como Abraão ou Noé, confiar plenamente no que um Deus que os olhos físicos não podem ver tem reservado pra nós. Não estou dizendo para termos uma "amnésia" voluntária. As lembranças são dádivas e permanecem na nossa mente, mas não precisamos pautar nossa vida de acordo com elas.
Talvez você tenha que "pagar pra ver" pela primeira vez, mas eu te afirmo com toda a certeza que eu tenho, e com todo o passado que eu guardo, sem porém me agarrar, que Deus está sempre renovando o "clichê" de estar ao nosso lado e NUNCA se cansa disso.
Afinal, ao contrário de nós mesmos, que guardamos rancor e mágoas, tudo o que ele guarda ao nosso respeito é o seu grande amor. Confiar nas promessas dEle é o melhor que podemos dar a Ele em troca da respiração que ele nos concede.
Ele pode sim tirar coisas boas de experiências ruins e nos fazer passar por experiências melhores do que as melhores anteriores. Duvidar disso é subestimar o poder onipotente de Deus.
E ele nos prometeu, que mesmo que não saibamos o que acontecerá até o fim da nossa vida na Terra, quando tudo passar e apenas Ele permanecer, estaremos ao lado dele. Estaremos ao lado dEle quando ele proclamar: "Eis que faço novas todas as coisas."
Então TODAS as coisas, não só as coisas da nossa vida, serão novas, e nós estaremos lá pra ver.
"E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.
E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida.
Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho."
Apocalipse 22:5-7
Se no texto anterior, o escapismo foi apontado como uma das coisas que nos impede de permitir que nossa história seja bem escrita aqui mesmo na realidade, aqui percebo um segundo problema, ainda mais recorrente, ainda mais difícil de identificar e mais difícil ainda de se resolver: Páginas não viradas.
Viver no passado é algo que, assim como o escapismo, está em algum nível em todos nós. Nos prendemos às lembranças pela sensação de segurança de que elas são o que temos de mais precioso.
O passado lembrado nos permite lembrar as coisas boas que passamos, lembrar as ruins para evitar que elas aconteçam. As lembranças nos colocam no coração a sensação segura de que somos pessoas experientes e em alguma escala, conseguimos enxergar padrões que se repetem, e assim, prever o que pode acontecer e criar um "escudo de proteção" contra o sofrimento.
As lembranças são incríveis. Elas trazem sorrisos e lágrimas ao nosso rosto, assim como também suscitam sentimentos como raiva e instinto de autodefesa. Elas são extremamente úteis.
O perigo se encontra no fato de que a linha entre lembrar e viver de lembranças é tão tênue, que geralmente não percebemos quando cruzamos essa fronteira.
A meditação de 01 de Janeiro de 2013 do teólogo Amin Rodor ("Encontro com Deus", da Casa), destaca o texto de Isaías 43:18: "Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas."
E o interessante que ele sublinha é que, quando pensamos nesse verso, pensamos em primeira instância nas coisas negativas, mas dá pra ficar confuso se lermos os versos anteriores:
"Assim diz o Senhor, o que preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas uma vereda;
O que fez sair o carro e o cavalo, o exército e a força; eles juntamente se deitaram, e nunca se levantarão; estão extintos; como um pavio se apagaram.
Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas."
Isaías 43:16-18
É incrível observar que o texto não fala apenas das lembranças negativas, mas também das positivas. Fala das bençãos. Se nos apegamos ao saudosismo e à nostalgia, corremos o risco de nunca mais passarmos por experiências boas como as anteriores.
A Bíblia é repleta de conceitos não listados, mas bem óbvios. Um deles é o fato de que Deus nos criou para viver no presente. Ele não nos deu a onisciência como uma das características da imagem dEle em nós, portanto não temos capacidade de compreender todos os aspectos do nosso passado e muito menos temos alguma noção do que acontecerá no futuro - seja o futuro nos próximos 5 minutos ou o futuro nos próximos 100 anos.
Ele nos permitiu saber várias coisas que aconteceriam no futuro através de profecias, mas poucas delas definem datas, e qualquer revelação que ele faça vem acompanhada da certeza de que ele só revelou o que era imprescindível para nossa compreensão do caráter dEle.
Jesus nos disse para não ficarmos preocupados com o amanhã. "Basta a cada dia seu próprio mal".
Mais importante que isso: Jesus nos deixou a promessa de que voltaria para acabar de uma vez por todas com o mal e não nos deu nenhuma data. Tudo o que ele nos deu foi a certeza de que, mesmo enquanto não viesse, nós deveríamos ser embaixadores do seu Reino e deveríamos viver com Ele 24hs por dia, mesmo à distância.
Um dos principais princípios que ele nos deixou - e um dos mais difíceis - é o princípio do perdão. Como alguém que guarda como peça de museu todos os fatos do seu passado pode se permitir perdoar alguém?
Se o clichê da página em branco nos permite deixar que Deus escreva nossa história sem que precisemos escapar da realidade, o clichê da página virada, do "deixar para trás" o passado, permite que Deus faça isso sem impedimentos. Ele respeita nosso livre arbítrio, portanto, se escolhermos nos agarrar no passado - seja nas lembranças boas ou nas ruins - ele não pode fazer nada de novo por nós em respeito ao nosso saudosismo.
É uma tremenda falta de fé e confiança da nossa parte - algo extremamente ofensivo ao amor de Deus por nós - não permitir que ele vire a página da nossa vida e escreva algo completamente novo. Ele escreve coisas novas de verdade, que não dependem da nossa criatividade limitada, mas da criatividade infinita dEle, que não cria nenhum por-do-sol igual ao outro.
O verso 19 de Isaías 43 completa o que ele nos diz com a certeza: "Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo."
Nós não temos a capacidade de imaginar como seria uma vida completamente nova, com elementos inteiramente novos. Mas um ser onipotente e onisciente, que cria cada elemento da natureza diferente um do outro, tem criatividade o suficiente pare conceder-nos uma nova história, com novos pensamentos, novo tudo.
Nós temos medo do desconhecido, é verdade, e talvez por isso nos assustemos com a possibilidade de, como Abraão ou Noé, confiar plenamente no que um Deus que os olhos físicos não podem ver tem reservado pra nós. Não estou dizendo para termos uma "amnésia" voluntária. As lembranças são dádivas e permanecem na nossa mente, mas não precisamos pautar nossa vida de acordo com elas.
Talvez você tenha que "pagar pra ver" pela primeira vez, mas eu te afirmo com toda a certeza que eu tenho, e com todo o passado que eu guardo, sem porém me agarrar, que Deus está sempre renovando o "clichê" de estar ao nosso lado e NUNCA se cansa disso.
Afinal, ao contrário de nós mesmos, que guardamos rancor e mágoas, tudo o que ele guarda ao nosso respeito é o seu grande amor. Confiar nas promessas dEle é o melhor que podemos dar a Ele em troca da respiração que ele nos concede.
Ele pode sim tirar coisas boas de experiências ruins e nos fazer passar por experiências melhores do que as melhores anteriores. Duvidar disso é subestimar o poder onipotente de Deus.
E ele nos prometeu, que mesmo que não saibamos o que acontecerá até o fim da nossa vida na Terra, quando tudo passar e apenas Ele permanecer, estaremos ao lado dele. Estaremos ao lado dEle quando ele proclamar: "Eis que faço novas todas as coisas."
Então TODAS as coisas, não só as coisas da nossa vida, serão novas, e nós estaremos lá pra ver.
"E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.
E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida.
Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho."
Apocalipse 22:5-7
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