10 Princípios Subversivos e Politicamente Incorretos do Cristianismo – Pt 1

Sim, eu peguei essa imagem do outro blog. Creditooos.


A maioria das controvérsias relativas ao cristianismo – seja dentro da sociedade cristã ou fora dela – advém de alguns princípios básicos mal compreendidos do cristianismo que são em sua essência subversivos de acordo com a visão comum da moral puramente humana. Mesmo os cristãos tentam maquiar tais princípios a ponto deles parecerem incertos demais aos olhos dos outros. São exatamente esses princípios e a incompreensão deles que tornam a religião cristã baseada na Bíblia tão questionável e impopular nos nossos dias de luta pela tolerância, paz mundial e fim do preconceito.
Nossa sociedade meio hipster que engrandece o underground e o subversivo criou um mito de que o cristianismo tem uma forma distorcida de ser politicamente correto demais e bem enraizado em regrinhas de “pode e não pode”. Mas onde fica o jargão de “andar na contra mão do mundo” que tanto pregamos? E é exatamente por essa distorção da cosmovisão cristã que resolvi enumerar alguns dos princípios mais subversivos e politicamente incorretos do cristianismo que nem sempre são vistos dessa forma. Nessa primeira parte, enumerei  3  deles que estão no âmago de algumas questões que têm provocado conflitos entre cristãos e ativistas da tolerância.


Subversão Nº 1 – A Verdade é Absoluta e é uma Pessoa.
Todo mundo – inclusive nós cristãos – enxerga a verdade como a visão de mundo, a ideologia, a filosofia ou o conjunto de crenças de uma pessoa, o que abre espaço para a chamada “verdade relativa”.
Mas Jesus foi bem claro em João 14:6:
“Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” João 14:6
Essa declaração coloca na mesa, diante de todos que a leem uma verdade muito mais crua do que algo poético. Diz em alto e bom som que a verdade é uma pessoa, mesmo diante de todas as raízes filosóficas que se criaram a respeito desta. Sendo uma pessoa, a única coisa que pode ser relativa em sobre a verdade é a maneira como nos relacionamos com ela.
Jesus ainda termina essa declaração com uma polêmica ainda mais incisiva. “Ninguém vem ao Pai senão por mim” joga por terra o senso comum de que “todos os caminhos levam a Deus”.
Lembro-me bem de um dos meus trechos preferidos daquele belo – e perigoso – livro, “A Cabana” de William P. Young, que retratava um diálogo entre Jesus e o protagonista, que após uma frase específica do Carpinteiro, pergunta: “Então, isso significa que todos os caminhos levam a você?”
“Não” Responde Jesus “Na verdade a maioria dos caminhos não levam a lugar nenhum. Isso significa que EU percorreria todos os caminhos para chegar até vocês.”
Engraçado que poucos prestam atenção no quanto esse verso pode ser ameaçador aos olhos da sociedade pós-moderna que aceita verdades diversas como válidas. 
Jesus não estava criando uma metáfora ou citando uma frase de efeito. Ele estava dizendo que segui-lo significa aceitá-lo como a única e absoluta verdade que governa o mundo.

Subversão Nº 2 – Você não tem direitos
A Bíblia é muito clara em sublinhar a igualdade dos seres humanos perante Deus. 
“Por que TODOS pecaram, e carecem da glória de Deus.” Já diz Paulo em sua carta aos Romanos.  É com duro reconhecimento que o torrão do Pedro declara em Atos: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas”.
E em várias outras passagens bíblicas, Deus mostra uma estranha maneira de respeitar o livre arbítrio das pessoas, uma estranha maneira de amar os que o amam e os que o odeiam.
Então nos deparamos de novo com João, dessa vez em sua primeira carta, no capítulo 1: Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros.”
Então temos um dos princípios mais esquisitos aos olhos do mundo no cristianismo, e polêmico demais. NINGUÉM merece NADA do que temos. Tudo o que temos é graça comum advinda do amor de Cristo. 
Enquanto a sociedade determina que o meu direito termina quando o seu começa, Jesus diz a você que você não tem direito a nada.
Mas calma lá? E a história de João ali em cima? 
Pois é. A história de amarmos uns aos outros. João define o amor como algo que parte de Deus em nossa direção e só então da gente para com os outros.
Eu tenho sim o dever de respeitar as pessoas. Mas esse dever de respeito não deriva do seu direito de ser respeitado, mas simplesmente do fato de que Deus te ama tanto quanto me ama e me pediu para fazer o mesmo.
Não, você não tem o direito de ir e vir, de crer no que escolhe, de ter casa, saúde e renda. Você não tem direito nem mesmo ás suas necessidades mais básicas. Você não merece nada. E nem eu. Se você é amado e respeitado, se você tem todas essas coisas, isso deriva do amor de Deus por você e da sua graça comum. Isso deriva da liberdade e do amor que Deus te concede, e não por que você mereça.
Já dizia João... 
O que nos leva à...

Subversão Nº 3 – Justiça?
Muitos, muitos textos bíblicos mostram que não há distinção entre pretos e brancos diante de Deus. Mas até aí tudo bem, a sociedade tolerante aceita. Agora fale com eles a respeito de santos e pecadores, criminosos e ativistas sociais serem iguais perante Deus...
Mas então você enxerga na Bíblia uma parábola interessante sobre o merecimento da salvação e da graça em que todo mundo recebe o mesmo salário, sendo que alguns trabalharam mais e outros menos (Mateus 20: 1-16). COMOASSIM?
E o tanto que o cara trabalhou o dia inteiro, e o outro que trabalhou só 15 minutos vai ganhar o MESMO tanto?
Nisso consiste graça e amor.
Há toda aquela questão de punição, castigo. Revolta ao pensamento comum do nosso século a impunidade diante de crimes hediondos e vítimas sem vingança. “Esse cara tem que pagar”. É o que pensamos. E sim, é justo o sistema “peque e pague” da nossa justiça.
Por conta da natureza pecaminosa do mundo, as pessoas tem dificuldades de enxergar em Deus os atributos mais inerentes do seu caráter: o amor e a justiça.
Como um Deus justo e amoroso permite tanta dor e como ele deixa tantos impunes? Bem, essa não é a questão subversiva desse tópico que pretendo ressaltar – próximo texto. Mas existe algo interessante a respeito desses atributos. Uma frase que li e gosto muito de citar: “Por que Deus é amor, ele permite que plantemos, por ser justiça, ele nos deixa colher o que plantamos”.
Mas como assim? Ainda não vejo como Deus ser justo! 
O problema se encontra no fato de que medimos a justiça divina em relação à nossa. Não conseguimos aceitar um Deus que ame uma criança inocente do mesmo tanto que ama um pedófilo nojento. Não conseguimos aceitar um Deus que ama tanto um homossexual quanto um homofóbico. Mas e a justiça dele?
A justiça dele inclui deixar que o pedófilo sofra, e a não ser que se permita ser transformado por Deus, ele não entrará no Reino e enfrentará a ira do Deus que diz “Deixai vir a mim as criancinhas.”
A justiça divina inclui um dos princípios cristãos mais difíceis de seguir: “Não julgue para não ser julgado”.  Por que? Ele matou alguém, eu não! Não terei eu direito de fazer parte do júri dele?
Sabe o que Deus te responde? Através de Isaías 64:6 que diz: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam. ” 
Deus diz que você pode ser a pessoa mais evoluída espiritualmente do mundo, você pode ter milhões de causas nobres, mas isso não te faz melhor do que um serial killer ou um estuprador. E é esse um dos princípios que as pessoas menos digerem no cristianismo.
Nós temos essa ânsia por justiça, mas tudo o que temos enquanto seres humanos é o direito.
Jacques Derrida em seu “Do direito à justiça” propõe a diferenciação entre os dois elementos-título. Ele fala sobre a dependência que o direito tem do cálculo e a relação entre a justiça e o incalculável.
Trazendo isso para nosso princípio cristão de justiça, Deus é o ÚNICO que pode julgar com verdadeira justiça, pois tudo o que fazemos é calcular evidências, enquanto ele enxerga todos os pormenores da vida e dos pensamentos e sentimentos de alguém. 
Por isso, em vista de suas características principais, o amor e a justiça, ele escolheu dividir conosco a capacidade e amar, mas guardou para si a capacidade de julgar – o julgamento só nos será permitido numa glória futura onde teremos acesso a cálculos que aqui não podemos fazer.
Deus criou a lei do “peque e pague”, mas por conhecer nossas condições e por nos amar incondicionalmente, ele permitiu que pecássemos e escolheu ferir nosso orgulho ao pagar nossa conta.
Se Deus fosse justo de acordo com o nosso sistema de direito estaríamos perdidos, e todos condenados à morte eterna, não importa o quão bem intencionados sejamos na vida.

Bem, não sei se você ficou revoltado com algum princípio desses, mas se não, você ainda terá oportunidade. Faltam 7 ainda!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sopro e Fumaça: Avicii se foi, mas deixou um pouco de Eclesiastes em sua música

Religião no Facebook??