Forma versus Conteúdo

Fico assustado com a facilidade que nós temos de nos desviar dos objetivos, principalmente quando se trata da vida espiritual.

Isso acontece muito na questão da adoração em congregação.

É óbvio o conselho que Jesus deixou para reunirmos em congregação. Mas hoje em dia vivemos num conflito paradoxal entre dois grupos principais de cristãos que comungam: Os conservadores formalistas - cheios de preocupação com forma, liturgia e costumes - e os da vanguarda emergente – experimentais, criativos, ousados.

O que acontece é que geralmente os conservadores dão tanto valor à forma que acabam esquecendo-se da essência. Tem toda uma questão histórica sobre o formato de culto utilizado pela maioria das Igrejas cristãs hoje, que foi herdada em grande parte do paganismo forçado dentro do cristianismo na época de Constantino. Mas a questão principal desse grupo é que infelizmente a supervalorização das formas acaba criando um verniz fosco no culto que muitas vezes impede alguém mais espontâneo conseguir pegar a essência da adoração, ou mesmo atrapalha a mensagem em si.

Com a ascensão dos movimentos cristãos emergentes, algumas coisas mudaram e outras muito mais ousadas surgiram. Reuniões muito espirituais, cheias de criatividade, baseadas no conceito do cristianismo primitivo da questão relacional. Eles realmente revolucionaram a forma de fazer cultos em grupo...

Dentro dos dois grupos – conservadores e pós-modernos – existem vários movimentos e formatos diferentes, feitos para diferentes gerações, diferentes tribos e diferentes locais.

Ok, mas onde quero chegar com isso?

Andei pensando e conversando com Deus e ele me contou algo interessante: Não importa o formato usado se for feito sinceramente para honra e glória dEle.

Incomoda-me muito um formato de culto que lembre um julgamento, tudo muito sisudo e rigoroso. E incomoda a Deus também. Por isso quando começaram a surgir movimentos como Igrejas Emergentes e comunidades de cristãos baseado na nossa geração pós-moderna, eu achei o máximo.

E continuo achando.

Mas será que é possível taxarmos um formato de culto como errado ou certo?

Será que podemos realmente julgar qual é o formato de culto ideal? Principalmente num mundo onde vivem várias gerações na mesma comunidade, com experiências de vida diferentes, culturas diferentes e principalmente, personalidades diferentes.

Sem generalizar, acaba que, ao tentar fazer um culto libertando-se das formas, alguns acabam fantasiando demais uma congregação ideal e caem no mesmo erro que criticavam nos conservadores.

O que me leva ao ponto inicial onde eu disse que é muito fácil nós desviarmos dos objetivos propostos por Deus. Eu não estou criticando nem defendendo nenhum dos grupos que citei, e nem estou querendo dizer que Deus aceita qualquer “fogo” apresentado perante Ele (isso não MESMO). O que eu quero que nós entendamos é que não importa de onde vieram alguns costumes específicos, nem como um culto é organizado.

Acho inclusive que se não podemos ajudar alguma instituição religiosa a melhorar algo em suas formas, não devemos nos incomodar com elas. O que temos que fazer é olhar para Jesus e perguntar pra ele o que precisamos mudar na nossa comunhão pessoal com ele. No fim das contas ele vai mostrar que tudo o que temos que fazer é adorar em ESPÍRITO e em VERDADE. Essas duas palavras implicam muitas coisas, inclusive restrições, mas elas excluem totalmente a parte do “o que esse culto parece” e colocam em evidência o único que merece todos os holofotes.
O Criador.

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