[Resenha] "Azul" is the New Black

Para ler ouvindo: "Azul" - O Bairro Novo 

Capa maravilhosa desenhada pelo Gabriel Gruber (membro da banda) e desenhada pelo Lobo (vá na page da banda e leia o texto que ele escreveu sobre a capa).

A cor azul é uma das mais versáteis de todas. Quando estudamos a psicodinâmica das cores, vemos que o azul, uma cor fria, passeia entre a tristeza e a tranquilidade, passando pela confiança e o mistério, a profundidade e a superfície. O céu é azul nos dias claros e alegres, mas as noites de lua são azuladas em sua melancolia e mistério.
Talvez por causa dessa abrangência que "Azul" seja a faixa certa pra dar título ao debut álbum da banda "O Bairro Novo".

Desde a deliciosa e cativante "Nova Chance" até a própria faixa título, "Azul" possui em sua totalidade todas as propriedades da própria cor. A melancolia do sentimento de perda está lá. Em todas as faixas há, nas letras e arranjos, aquela nota escondida, dissonante que nos lembra que vivemos num mundo onde sempre faltará um pedaço de quem nós somos, por mais bela que seja a vida. Mas ainda assim há nas canções a tranquilidade e paz transmitida pela certeza de que a beleza ainda é o que nos faz ver a esperança nos cumprimentando, como a faixa Coisas Belas mostra com maestria.
Essa tensão da consciência espiritual trazida na Bíblia está impressa em toda a ambiguidade do álbum que é ao mesmo tempo fácil e complexo. A simplicidade profunda das músicas são a simbiose perfeita entre o conceito teológico que ele transmite e a sinceridade e inocência que a musicalidade carrega.
Então não me admira que há coisas pesadas sendo ditas em faixas leves como "Pare pra pensar", não me estranha que o sambinha (!!!) "O Dia" venha logo depois da melancolia de "Anoitecer".  Quando o "Temporal" que destrói também conserta. Ou que a própria faixa "Azul" seja carregada de melancolia e esperança, fechando com maestria o álbum que ainda não consegui parar de ouvir desde que foi lançado nesta manhã.

Na minha limitada opinião, a melhor arte é a arte honesta e ao mesmo tempo intencional. Há intencionalidade na mensagem da obra, mas não há nada nela feito sem honestidade absoluta. Há técnica aplicada, mas não sem o real sentimento, a real escolha. Talvez se vc conhecesse os jovens da banda que existe desde sua pré-adolescência você veria o mesmo que eu vejo: o coração e a doçura deles derramados em suas músicas. A sinceridade inocente, porém inteligente e nada ingênua impressa em sua arte é exatamente quem eles são. Pessoas tocadas pelo Deus no qual acreditam.

E se a juventude dos garotos te faria duvidar, a musicalidade deles é mais madura do que muita coisa lançada por aí, assim como a capacidade lírica.

Só pela honestidade, já valeria a pena ouvir o álbum. Mas ele é mais do que isso. É verdadeiramente uma arte digna de ser ouvida e apreciada com a mesma honestidade com que foi concebida.
Só corre pra ouvir!

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