J. K. Rowling e o Mundo Mágico da Decepção



Tem uma GALERA na internet decepcionada com JK Rowling, pois foi ela, através da filosofia por trás de seus personagens em Harry Potter, que ajudou a formar muito do pensamento deles. Pensamento este que agora não concorda mais com a escritora. Ela construiu personagens femininas fortes que desafiaram a cultura machista, mas de repente apoia um Johnny Depp acusado de agressão. Ela, claramente defensora das causas de minorias sociais, de repente não parece mais corajosa o suficiente para abordar a homossexualidade de Dumbledore de forma mais direta em "Os Crimes de Grindewald".
A decepção do pessoal é tão grande, que sua intensidade me surpreendeu.

De repente me senti grato pelas palestras sensacionalistas sobre os malefícios de se mergulhar no mundo mágico de Harry Potter. Embora essas palestras obviamente não tenham me impedido de ter, ler e reler os livros e ter, assistir e re-assistir os filmes (e eu obviamente não concorde com a abordagem delas), elas pelo menos serviam para me lembrar que o que eu estava consumindo era arte produzida por seres humanos. Pessoas tão falhas quanto eu, que arquitetam suas obras artísticas a partir da própria natureza confusa, cheia de coisas boas e ruins.
E, acredite, dá sim pra aprender muita coisa boa com Harry Potter, por mais que os pressupostos de Rowling sejam BEM diferentes dos que eu adoto como cristão e há diversas coisas na filosofia por trás das jornadas daqueles personagens que eu decidi filtrar.
Mas meu ponto é que Rowling é humana. Uma mulher sujeita a erros e acertos. Sujeita inclusive a mudanças, a opiniões incoerentes, a decisões baseadas em vantagens materiais... Enfim... Coisas que todos nós fazemos em algum ponto da vida, por sermos humanos.
E é exatamente por isso que devemos perdoar as pessoas e, ao mesmo tempo, não podemos fazer delas nosso porto seguro. São pessoas. E mesmo as melhores pessoas nos decepcionam com uma frequência absurda.
Com os artistas que admiramos, não é diferente. A arte é maravilhosa, ela faz com que os seres humanos se conectem de formas lindíssimas. Ela provoca reflexão, identificação e entusiasmo pela vida. Mas, ainda assim, por mais que transcenda seus autores humanos, ela é falha, por justamente por ser advinda deles e de suas mentes manchadas.
Esse é o problema central do escapismo - aquele vício de escapar para a ficção para fugir do mundo real que nos atormenta.
E é exatamente esse um dos motivos pelos quais considero o trecho a seguir um dos mais importantes da Bíblia: "...'Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor. Ele será como um arbusto no deserto; não verá quando vier algum bem. Habitará nos lugares áridos do deserto, numa terra salgada onde não vive ninguém. Mas bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está. Ele será como uma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Ela não temerá quando chegar o calor, porque as suas folhas estão sempre verdes; não ficará ansiosa no ano da seca nem deixará de dar fruto'. O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?" Jeremias 17:5-9

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sopro e Fumaça: Avicii se foi, mas deixou um pouco de Eclesiastes em sua música

Religião no Facebook??