Uma Época Boa para Ser Nerd




Houve um tempo em que ser nerd era ser um loser.
Literalmente um perdedor.

Há controvérsias sobre o real significado de ser nerd.
Há quem use o termo para todos aqueles caras que trocam a vida social por filmes, jogos, quadrinhos e outras coisas. Há quem defina o termo como referência para aquelas pessoas que conhecem muito sobre algo específico da cultura pop.
Esses são os significados mais defendidos hoje - um tempo onde ser nerd não é mais ser loser. Agora os nerds são os verdadeiros reis do cool, o mundo nerd - cinema, quadrinhos, jogos, etc - é quem manda nas tendências. 

Dia 25 de maio é o dia do "orgulho nerd".
Não é uma data cívica, mas é uma data que, mesmo sendo mais cultural e midiática, celebra o triunfo de uma minoria que conquista seu espaço - assim como várias outras.
Só em 2016 serão lançados sete filmes baseados em quadrinhos, as redes de televisão e serviços de streaming tem investido cada vez mais em séries de super heróis e sitcoms com a temática, os festivais ao estilo "Comic Con" (encontros de temática relacionada a quadrinhos, cinema e tv com estruturas gigantescas) se multiplicam e se tornam cada vez mais populares. Diante disso há uma nova máxima entre a multidão repentina de nerds brasileiros que surgiu nos anos 2000/2010 que é: "Que época boa para ser nerd!". 

Acho que eu posso ser encaixado nesse nicho. Gosto muito de cinema, quadrinhos e toda essa cultura.
Mas as vezes me pergunto se há realmente algum motivo para ter orgulho de alguma coisa sendo os seres humanos que somos. Fala-se de orgulho nerd, de orgulho gay e até de orgulho hétero (?).
O mundo contemporâneo com sua tecnologia é o mundo ideal para dar voz a quem quer que seja.
Movimentos surgem e a mídia "tradicional" tem que se adaptar às novas demandas.
Então a voz das minorias cresce, e mesmo que seja um processo lento para alguns em algumas culturas, eles vão conseguindo seu espaço.

Nunca foi uma época tão boa - ou minimamente promissora - para ser nerd ou para fazer parte de qualquer minoria. A pluralidade e a facilidade de comunicação com pessoas de pensamento igual dos dias de hoje fazem com que seja propício ter orgulho de quem a gente é.

E quanto mais aceito é, quanto mais voz ganha, menos aberto ao Evangelho de Cristo o ser humano se torna. Claro, todos gostam muito da parte que ensina o "amor ao próximo", mas ninguém quer saber de evangelho quando você lê que felizes são os pobres de espírito, os humildes, os perseguidos (Mateus 5: 1-12).
Ninguém gosta da parte que manda dar a cara pra bater, que manda andar a segunda milha com o opressor. Ninguém gosta de amar o inimigo e muito menos de perceber que quem quer salvar a própria vida vai perdê-la e quem quiser perder a vida por amor ao Evangelho, vai salvá-la (Mateus 16:25).
Ninguém quer aceitar que se acha rico e abastado (ou seja, tem orgulho de quem é), mas na verdade é miserável, pobre, cego e nu (Apocalipse 3:17).
Todos querem ser bonzinhos, querem defender que, não importa se são negros, brancos, asiáticos, pobres, ricos, nerds, gays, héteros, são pessoas boas que merecem a vida e o respeito.
Então é muito, mas muito ofensivo e politicamente incorreto aos olhos da minoria orgulhosa, se deparar com um evangelho que diz que, desde a mordida na fruta, TODOS, inclusive eles, são maus em essência, são pecadores por natureza e precisam da graça do Deus que acham que os rejeita para serem transformados em pessoas boas (Romanos 3:23).

Não adianta bater no peito e dizer que é uma boa época pra ser nerd, que o mundo vai se tornar um lugar melhor por que hoje todos vão sendo aceitos aos poucos.
A mensagem de Cristo é clara: no dia que você deixar de ser perseguido e for aceito pelo mundo em que vivemos, provavelmente você está no caminho errado.
Afinal, no esquema do pecado que mata e da graça que salva, o opressor também é oprimido e o oprimido também é opressor.
Cristo diz que não veio trazer paz, mas a espada (Mateus 10).
É óbvio que ele não quer a guerra. O que ele quer dizer é que qualquer um que quiser segui-lo, qualquer um que quiser ser justificado através da pureza e bondade DELE - o segundo Adão, o único homem sem pecado e sem mácula - será perseguido pelos que forem maioria, pelos que são aceitos e pelos que mesmo não sendo aceitos, têm orgulho de quem são.

Não podemos tem orgulho de quem somos em nossas conquistas e realizações, simplesmente por que elas não apagam o fato de sermos pecadores miseráveis. A palavra de ordem do Evangelho é humildade. E humildade nada tem a ver com auto-estima. Geralmente os orgulhosos são donos de uma visão distorcida de si mesmos, acham que são bons pelo que fazem ou pelo que representam, e não pelo que são.
Os humildes tem amor próprio o suficiente para saber que são miseráveis, mas em Cristo e pela graça são preenchidos de amor a Deus, ao próximo E a si mesmos.
O paradoxo da graça é justamente fazer com que você ame a si mesmo a partir da negação do "eu". Você sabe que é valioso e amado não pelas próprias conquistas, mas pelo que Cristo conquistou por você na cruz. E não há absolutamente NADA de errado em ser vulnerável e consciente de quem você é. As pessoas dizem que não há vergonha nenhuma em ser quem somos, que devemos ser orgulhosos disso, mas elas esquecem que a vergonha é filha do orgulho. A vergonha é exatamente a consequência do orgulho ferido quando você percebe que não é tão bom quanto tenta ser.
A aceitação de si mesmo só é plena e completa quando você tem certeza de que a graça foi dada a você como indivíduo, então você joga todo o orgulho fora - e juntamente com ele vai a vergonha - e toma posse da "vergonha" da cruz, que é loucura para os que se perdem, mas é poder e sabedoria de Deus.

Por isso, não comemore o orgulho. Comemore a humildade.
Você não precisa de vergonha para sobreviver, você precisa de graça. 
Como diz a música do Jimmy Needham: tudo o que precisamos é 'precisar'.
Quando você admite que não tem nada e precisa de tudo, Aquele que é tudo te dá o que você precisa.
Não há vergonha NENHUMA em ser um loser para o mundo. 
Em Cristo - e somente nele - somos mais do que vencedores (Romanos 8:37).

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