Bíblia: Se escrevessem críticas sobre ela nas revistas

Capa para Gênesis

Um dos textos mais acessados do blog é “A Bíblia é um Livro Erótico”. Creio que um dos motivos tenha sido exatamente o título da postagem que deve ter despertado a curiosidade de muitos e escandalizado outros.

O fato é que muitos – mesmo depois de ler o texto – continuaram pensando que era só um título para polemizar e chamar a atenção. Mas existem alguns preconceitos sobre a Bíblia por parte da grande maioria – de crentes e céticos – que precisam ser quebrados.

Capa de Juízes

Nunca se duvidou tanto da Bíblia como um relato confiável quanto nos dias de hoje. Parte disso se deve a divulgação de alguns achados arqueológicos e da não divulgação de outros. Mas não sou nenhum historiador, nem arqueólogo apesar de já ter lido bastante a respeito de arqueologia e Bíblia (se quiser saber mais a respeito procure o trabalho do competente Dr. Rodrigo Silva), por isso vou me ater às consequências que essas descobertas envolvem.

O que acontece é que se antigamente não se colocava em dúvida a Bíblia como um livro confiável, nem se questionava suas origens, hoje em dia poucos questionam as obscuras “evidências” que se apresentam contra ela.

Antes, questionar o “livro Sagrado do Cristianismo” era pensar fora da caixa. Mas infelizmente a humanidade ainda não amadureceu, e hoje em dia imperceptivelmente, inverteram-se os papéis: pensar fora da caixa é questionar a ciência e a história em detrimento à Bíblia, mas os estudiosos e intelectuais estão agora tão dentro da caixa que ninguém percebeu isso.

Capa para Miquéias

Uma das maiores fontes de discórdias em relação à Bíblia é o erro de pensar que a essência dela é o metafísico e o sobrenatural incompreensível. A Bíblia não é um tratado sobre mágica e eventos paranormais e sim um livro histórico de guerra que trata de maneira profunda os aspectos mais essenciais da origem e da natureza humana.

Para defendê-la eu poderia discorrer aqui sobre como a bíblia foi escrita por várias pessoas diferentes e se interliga de forma coerente durante todo o seu relato. A propósito, aqui cabe um parêntese: A maioria das contradições que os céticos enxergam na Bíblia se trata de interpretações erradas, leitura superficial e a maneira errônea de encarar as histórias ali descritas. Alguns apontam defeitos na Bíblia esquecendo que ela não fala apenas dos bons exemplos, ela relata histórias de seres humanos falhos que erraram e acertaram e o único personagem cujos atos são TODOS exemplos de "como fazer" é Jesus. Esquecem que a Bíblia é um livro muito antigo, e como qualquer livro milenar ela deve ser estudada, não apenas lida.

Outra capa para Gênesis

Além de ser a única história detalhada de um povo relatada em um só livro, é a história única e contínua de uma guerra de proporções gigantescas que envolve a todos. Poderia falar aqui sobre as coisas que a Bíblia dizia a muito tempo e que a ciência só confirmou e aceitou recentemente, como o fato de a Terra ser redonda (Isaías 40:22, que dependendo da tradução que você ler diz círculo, globo ou redondeza), o fato de o núcleo da Terra ser fogo e os processos de mudança do seu interior resultarem em diferentes minerais (Jó 28: 1,2,5 e 6), fala de pressão atmosférica e ciclo da água (Jó 26:8, 28:25,26) dentre muitas outras coisas.

Capa para Cânticos

Mas vou falar de literatura, que é algo que gosto muito. Veja bem que as Escrituras foram completamente inspiradas por Deus, escritas por homens. É importante entender pelo próprio relato bíblico que Deus inspirou e eles escreveram da forma como entendiam, viviam e da forma que a sua carga cultural lhes permitia - o que não alterou a mensagem principal. Mas como fã de literatura em geral devo observar quão bem escrita é a Bíblia. Composta por livros de vários gêneros tem poemas que utilizam figuras de linguagem e jogos de palavras incríveis que passam exatamente o que precisam passar e ainda dão margem para enxergarmos inúmeras e diferentes nuances de uma mesma frase.

Fico impressionado em como os relatos da Bíblia, mesmo sendo relatos sucintos de grandes histórias, conseguem mostrar de maneira mais do que eficiente a complexidade psicológica dos seus personagens. Os conflitos internos, os traços de caráter, aparência, carga cultural e até os trejeitos! E os diálogos? Incríveis.

Capa Ousada para Naum

Isso ainda destacando a figura fascinante de Jesus. Veja bem, a Bíblia apresenta um Deus que se tornou homem e teve que passar todo o processo de aprendizado humano para chegar no conhecimento que tinha de Deus e da Bíblia. A maneira como o personagem Jesus é desenvolvido em toda a Bíblia (Velho e Novo Testamento) é incrível – mesmo por quem não o conheceu pessoalmente nos 33 anos que viveu na Terra. Isaías, Mateus, Marcos, Lucas, João e Paulo fizeram relatos muito competentes da pessoa de Jesus. Ao mesmo tempo que era sereno e severo, Jesus era uma pessoa leve e em seu olhar se enxergava amor. Suas palavras podiam ser confortantes e amorosas, mas podiam ser duras e sarcásticas – aliás algumas vezes fico com vontade de ter a ironia refinada e as respostas na ponta da língua que ele sempre tinha. Ousado, rebelde, mas pacificador. Um ser humano que carregava em si o dever de mostrar o caráter de Deus  mesmo tendo escolhido abrir mão do seu poder divino.

Capa para Daniel

Tudo narrado com uma maestria que nem os melhores escritores conseguiriam. O teor literário da Bíblia, os simbolismos presentes – veja os simbolismos do Santuário! Tudo corrobora para que eu acredite piamente que a Bíblia conta uma história real, se mostrando um tratado de antropologia, filosofia, história, psicologia, biologia, química e física. Tudo isso unido a uma poeticidade e uma competência narrativa gigantesca.

Toda essa constatação me faz pensar que mesmo se eu não acreditasse que a Bíblia é composta de relatos reais, eu ainda acharia que seus autores e compiladores mereceriam estar no pódio dos melhores escritores e ganhar todos os Pulitzers da vida. A verdade é que se não houvesse toda essa dúvida e preconceito sem fundamento em torno da Bíblia (inclusive por parte dos cristãos que insistem em achá-la um livro chato de se ler), ela seria considerada pela grande maioria um livro cool, alternativo, cult, best seller, genial, pop, hype, underground, e cairia no gosto até dos hipsters.